As Cruzadas - Idade Média
História do Brasil e do Mundo

As Cruzadas - Idade Média




A partir do século XI, o sistema feudal entrou em crise; a solução para essa crise foi o sistema capitalista. 
O fator principal da crise do feudalismo foi o crescimento demográfico, que ampliou o mercado consumidor, provocando um choque com o modo de produção servil, incapaz de atender às necessidades do mercado em expansão. 

O crescimento demográfico foi ocasionado pelo fim das invasões, que permitiram uma melhor redistribuição da produção agrícola. 

Para solucionar a crise era necessário aumentar a produção; e isto só era possível substituindo o modo de produção servil pela produção com trabalhadores assalariados. 

A solução mais imediata e mais fácil foi marginalizar os excedentes populacionais, em todas as camadas sociais: isto forneceu mão-de-obra militar para realizar as cruzadas. 

As cruzadas foram resultados de um complexo de fatores: 
  • A crise do sistema feudal e a marginalização de um grande número de indivíduos foram fatores decisivos. 
  • A força da igreja e o profundo sentimento de fé da época também foram poderosos estímulos. 
  • Contribuiu também a luta pelo controle do poder papal dentro da igreja, principalmente o desejo de reconquistar a igreja separada do oriente. 
  • Como fatores imediatos devem ser citados a pressão dos turcos seldjúcidas sobre Constantinopla e os empecilhos peregrinação dos cristãos a Jerusalém. 
Fazia parte da cultura Católica da época participar das chamadas Peregrinações: muitos católicos dirigiam-se até locais sagrados por acreditarem que isso lhes garantiria bênçãos e o perdão dos pecados.

O local mais importante dessas peregrinações era a cidade de Jerusalém, que, em 1071, foi tomada pelos turcos-otomanos. Esse fato impediu que os católicos prosseguissem com suas peregrinações à terra considerada sagrada.

A consequência disso foi que os católicos decidiram organizar expedições militares (Cruzadas) na tentativa de derrotar os turcos-otomanos, pois na sua crença Jerusalém havia sido um presente de Deus.

Para muitos desses católicos, participar dessa Guerra Santa era um sacrifício em nome do bem, estabelecido por Deus e, em troca, Deus perdoaria seus pecados. 

Para outros, porém, não se tratava de um sacrifício religioso, mas sim a possibilidade de obter ganhos materiais: muitos filhos da nobreza feudal não tinham direito à herança, devido às muitas regras para a divisão dos bens da família. Esses filhos dos nobres senhores feudais participavam das Cruzadas para, aproveitando-se do caráter militar das mesmas, organizar pilhagens.

Além deles, muitos camponeses empobrecidos pela exploração dos senhores feudais viam nas Cruzadas a possibilidade de trocar mercadorias em outras regiões (comércio).

Os artigos orientais eram muito valorizados e tanto esses camponeses quanto muitos comerciantes do período aproveitavam a expedição para comprar produtos do Oriente com o fim de revender na Europa. Essas trocas acabaram por desenvolver o comércio entre Oriente e Ocidente. 

A Europa passou, a partir das Cruzadas, por um período de visível crescimento do comércio, em especial em algumas cidades cujas localizações favoreciam as trocas entre o Oriente e o Ocidente, como é o caso de Gênova e Veneza, na Itália. 

Nos caminhos percorridos pelos Cruzados, uma rota de comércio e crescimento econômico se formava. Não foi difícil a formação de cidades nesses lugares, provocando um renascimento urbano na Europa, que por tanto tempo havia se dedicado ao campo e à agricultura.

O Papa Urbano II  Urbano II  Urbano II  Urbano II  Urbano II organizou a primeira expedição à Terra Santa.  Em pouco tempo, reuniu um exército de 500 mil guerreiros de todos os países da Europa.

O apogeu do papado: Inocêncio III 
Apesar do fracasso das cruzadas, o papado viveu dias de glória: os papas tornaram-se juízes dos reis e intervinham em assuntos políticos e religiosos.

O Papa Inocêncio III interveio nos lugares em que a ordem cristã estava comprometida:
  • Organizou uma cruzada para reprimir hereges no sul da França.
  • Ajudou o rei de Castela a combater os muçulmanos na península Ibérica.
  • Organizou a quarta cruzada quarta cruzada quarta cruzada quarta cruzada quarta cruzada.  Partindo no ano 1200, os cruzados tomaram Bizâncio, destronaram o imperador bizantino e estabeleceram um reino latino.
  • Organizou a quinta cruzada quinta cruzada quinta cruzada quinta cruzada quinta cruzada, em , que fracassou.

O fim da luta: Frederico II
Na condição de imperador do Sacro Império Romano-Germânico e reidas Duas Sicílias, Frederico II pretendia unificar seus domínios.  Para realizar esse desejo, teve de enfrentar o Papa, protetor da independência das cidades do norte da Itália.

Frederico se dispôs a organizar a sexta cruzada, sem jamais cumprir o prometido. O Papa o excomungou. Finalmente, Frederico partiu rumo à Síria, em 1230, onde assinou um tratado de paz com o sultão do Egito.  Segundo esse tratado, os cristãos receberiam as cidades santas de Jerusalém, Belém e Nazaré. Em contrapartida, os cristãos reconheciam a liberdade de culto para os muçulmanos.  Por causa disso, o Papa o excomunga mais uma vez.

A decadência do Império
A partir desse momento, a luta entre Frederico e o Papa pela posse das cidades do norte da Itália tornou-se feroz.  Guelfos (como eram chamados os partidários da Papa) e gibelinos (os partidários do Imperador) se esfaqueavam em todo o Império.

Em 1250, Frederico morre. Era o fim da intervenção do Império Germânico na península Itálica. O Império entrou em decadência.  Durante trinta anos, os senhores feudais não permitiram a eleição de um novo imperador.

Um balanço das cruzadas
As cruzadas modificaram a Europa profundamente, trazendo novos elementos que mudaram a vida das populações europeias daquela época.

A  economia modificou-se radicalmente. A Europa deixou de produzir apenas alimentos: conheceu novos  produtos,  aprendeu novos métodos de trabalho e enriqueceu com novas indústrias.

O arado de ferro puxado por animais substituiu o arado de madeira na agricultura. Surgiu o comércio  entre a Europa e o Oriente, realizado pelos porto do Mediterrâneo. Nasceram as grandes companhias comerciais e os primeiros grandes banqueiros.

Politicamente, as  cruzadas selaram a ruína do sistema feudal. Antes de partir, os senhores penhoravam suas terras aos camponeses. A libertação destes ficou mais fácil. Além disso, houve grande quantidade de gente que foi e não voltou.

As cruzadas mudaram as aspirações sociais de boa parte da população. Antes delas, o ideal de vida era tornar-se santo ou herói. O contato com o luxo do Oriente despertou o desejo de enriquecimento.

Surgiu um novo estilo de vida . Os castelos viram palácios. Os torneios, as disputas militares e os duelos entre os cavaleiros viram  tertúlias, ou seja reuniões nas quais se ouvia música e se conversava sobre literatura.

Os trovadores e poetas aperfeiçoaram as línguas que nascem do latim - a línguas românicas. Surgiram o   italiano, o  francês, o castelhano (espanhol) e o português.

Com as cruzadas, muitos camponeses puderam deixar as terras dos senhores. O campo perdeu população, e as velhas cidades receberam uma boa parte dos camponeses que deixaram os domínios senhoriais.




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