A sociedade colonial brasileira sofreu poucas modificações estruturais ao longo dos seus trezentos anos.
Nesse largo período a forma de produção da riqueza da sociedade como um todo manteve-se baseada no trabalho escravo. Em outras palavras, as condições sociais foram determinadas pela forma de trabalho, que praticamente não se modificou até a segunda metade do século XIX.
A vida no engenho
O engenho estava localizado na zona litorânea. Era ali que se passava toda a vida da colônia. O proprietário, senhor de engenho, era a autoridade máxima, pois detinha poder praticamente absoluto sobre todos os moradores da sua propriedade. Todos se submetiam à autoridade, inclusive os poucos homens livres, como os mascates (vendedor ambulantes), pois o engenho era o seu grande comprador.
Senhor de Engenho
Outros homens livres que também integravam a sociedade colonial eram lavradores que produziam cana-de-açúcar em terras arrendadas pelos senhores. Esses lavradores, apesar de dependentes dos senhores, chegavam também a possuir escravos.
A camada dominante da sociedade colonial repudiava o trabalho manual, atividade quase exclusiva de escravos. O cronista Luís Vilhena comenta essa atitude num texto do começo do século XIX;
Porque não há de cavar no Brasil aquele que em Portugal só vivia de sua enxada? (…) Porque há de querer mandar quem nada mais soube que obedecer? Porque há de ostentar de nobre quem sempre foi plebeu?
A casa-grande
Nas terras do engenho, o senhor mandava erguer um solar para sua moradia. Era a chamada casa-grande. Na casa-grande o senhor estabelecia com os outros membros da família e demais moradores ligados ao engenho uma relação patriarcal. O pátrio poder, isto é, o poder dos senhores patriarcais, era ilimitado, caracterizando uma verdadeira tirania. Tudo era decidido por ele, o senhor de engenho, que tinha no seu primogênito o único herdeiro desse poder.
Os homens livres que viviam nas dependências e imediações da casa-grande eram os agregados. Sem papel muito definido na sociedade colonial, sua relação de subordinação ao senhor era uma garantia de sobrevivência.
Por não ter nenhuma herança de sangue, que caracterizava a nobreza européia, os senhores e suas famílias ostentavam um luxo que muitas vezes não condizia com suas condições econômicas. Era uma forma de manter uma posição de destaque nessa sociedade.
Os escravos domésticos que viviam em dependências secundárias da casa-grande, eram as mucamas (jovens escravas), criados, moleques de recado etc. As mulheres dos senhores de engenho, quando saíam, faziam-se acompanhar de um pequeno séquito de escravos e costumavam portar jóias para ostentar riqueza.
A Senzala
Num barracão próximo à casa-grande, localizava-se a moradia dos negros escravizados, a senzala. Na senzala os negros dormiam amontoados e sofriam os mais variados maus-tratos. A humilhação e o castigo corporal tinham por objetivo destruir a identidade e a personalidade dos negros, facilitando assim a sua submissão e o aproveitamento máximo da sua força de trabalho.
O açoite pretendia fazer com que o negro se auto-representasse como vadio, traiçoeiro, maldoso e que pelas diferenças raciais, em que a cor da pele estabelecia uma rígida hierarquia na sociedade: o branco era o superior; logo abaixo vinha o moreno, que era melhor que o mulato; em último estava o negro, que era inferior a todos.
Essa situação de inferioridade a que os brancos relegavam os negros era reforçada pela idéia negativa que se tinha das atividades manuais. De modo geral, quem sofria mais com esse tipo de discriminação eram os escravos do eito, isto é, os que trabalhavam direto na lavoura.
A capela e a vila
Também a vida religiosa no Brasil colônia se desenvolvia principalmente no interior dos engenhos, em capelas e pequenas igrejas de fé católica. Essas construções tinham uma função social, pois era nas ocasiões de festas religiosas que os membros da sociedade tinham a oportunidade de se encontrar. De modo geral, o clero colonial era subordinado aos interesses dos senhores de engenho.
Com exceção de alguns centros, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, praticamente não havia vida urbana na colônia. As vilas eram centros de administração portuguesa e colonial.