A península Arábica no século VII
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A península Arábica no século VII


Os árabes, assim como os judeus e os fenícios, são povos de origem semita.

Na península Arábica, o clima é quente e seco. O território é formado por planícies áridas ou desertos enormes pontilhados de pequenas áreas cobertas de vegetação, os oásis. A presença humana nesta península é muito antiga.

Até o século VII, os povos árabes viviam dispersos pela península Arábica, cada qual com seus líderes e seu modo de viver.

No deserto viviam grupos Nômades, que criavam camelos, carneiros e cabras, andavam armados e eram conhecidos como beduínos. Muitas vezes guerreavam entre si pelos oásis. Os valores apreciados pelos beduínos eram a coragem, a hospitalidade e a lealdade à família.

Em torno dos oásis, moravam os agricultores. Habitavam aldeias e cultivavam plantas, como a palmeira e a tamareira, e cereais, como o trigo. Já os artesãos e os comerciantes residiam nas vilas e cidades. As maiores cidades da Arábia, como Meca e Yatreb, ficavam no sudoeste, a região mais fértil da península.

As origens do Islamismo

Maomé, o fundador do Islamismo, nasceu na cidade de Meca, na península Arábica, por volta de 570. Em sua tribo, a religião praticada era politeísta: havia vários deuses e as pessoas adoravam ídolos. Durante boa parte de sua vida, foi condutor de caravanas que atravessavam o deserto. Nessas viagens, entrou em contato com outros povos e com adeptos do judaísmo e do cristianismo.

Segundo a crença muçulmana, em 610 Maomé teve uma visão  do anjo Gabriel – o mesmo que, de acordo com a crença cristã, anunciou a Maria que ela seria mãe de Jesus. O anjo teria lhe dito que “havia só um Deus e um só profeta, Maomé”.

Profundamente impressionado com a visão, Maomé começou a pregar uma nova religião, o islã, que fundia crenças árabes com elementos retirados do cristianismo e do judaísmo. Essas pregações logo conquistaram adeptos. Mas também atraíram inimigos. A maioria das tribos árabes da região acreditava em muitos deuses e adorava seus ídolos em um santuário de Meca conhecido como Caaba.

Por essa época, Meca era um centro comercial importante. Muitas pessoas iam lá para comprar ou vender produtos e também para adorar seus ídolos. Em suas pregações Maomé condenava esse culto e pregava a existência de um só Deus, o que descontentava muitos comerciantes da cidade. Segundo eles, o comércio seria prejudicado, pois muita gente deixaria de ir à cidade para adorar seus ídolos e fazer compras.

Os comerciantes chegaram a fazer um plano para matar Maomé. Mas o profeta ficou sabendo e, em 622, fugiu de Meca com muitos de seus seguidores. Foram todos para a cidade de Yatreb, onde converteram muitas pessoas à sua religião.

Esse acontecimento é visto pelos muçulmanos como o momento inicial do islamismo, conhecido como Hégira (do árabe Hidjra, que significa ‘fuga’ ou ‘emigração’). Yatreb, por sua vez, passou a se chamar Medina, que quer dizer ‘cidade do profeta’.

Pouco a pouco, o poder de Maomé se espalhou do oásis para o deserto conquistando os beduínos. Convencidos de que lutavam  tendo Deus e os anjos ao seu lado, Maomé e seus seguidores decidiram propagar a nova religião com uma “guerra santa”, a jihad.

Inicialmente, Maomé e seus seguidores conquistaram Meca, entregue quase sem resistência por seus líderes. Ele reservou para si a guarda do templo e ordenou a destruição das imagens dos deuses locais. A caaba, no entanto, foi conservada, e, desde então, Meca tornou-se a cidade santa da fé muçulmana. Era o ano de 630, que pode ser considerado como o do nascimento do Islão. Medina continuou como capital política e resistência do líder árabe, que em pouco tempo, passou a comandar uma vasta região da Arábia. Seu exército era formado por crentes, e o tesouro público era abastecido por doações em dinheiro e impostos cobrados dos que se convertiam.

Em 632, ano de sua morte. Maomé fez uma última visita a Meca, ocasião em que deixou a seus seguidores uma mensagem fraterna e, ao mesmo tempo, guerreira:

“Sabei que todo muçulmano é irmão do outro, e que mulçumanos são irmãos (…) os mulçumanos devem combater todos os homens, até que digam: só há um Deus”.

(HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. p.36. Adaptado)

Por ocasião da morte de Maomé, os povos tinham superado muitas de suas antigas rivalidades e tinham na fé maometana um ponto forte de união.

Meca, berço do islamismo

É comum ouvirmos expressões como “Hollywood é a Meca do cinema”, Paris é a Meca da cultura”. Meca acabou se tornando sinônimo de lugar que atrai muitas pessoas que compartilham de um mesmo objetivo.

A verdadeira Meca é uma cidade encravada entre as montanhas e o deserto e considerada sagrada pelos seguidores de uma religião criada pelos árabes, o islamismo. No início do século VII da nossa era, Meca era o principal centro religioso da Arábia. Todos os anos, durante alguns meses, os árabes suspendiam qualquer tipo de hostilidade para ir a Meca orar, pedir e agradecer. As preces eram feitas num templo religioso, a caaba, onde fica uma enorme pedra negra, que eles consideram sagrada. O templo abrigava também centenas de imagens de deuses já que, na época, os árabes eram politeístas. O comércio de Meca era controlado por ricos comerciantes da tribo coraixita, que administravam também seu templo. Foi justamente nesta cidade que nasceu Maomé, o criador do islamismo.

milhares de fiéis oram ao redor da pedra negra, na caaba, em Meca

fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo. Coleção História Sociedade e Cidadania.

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