A nova sociedade da era do ouro
História do Brasil e do Mundo

A nova sociedade da era do ouro


Dois fenômenos importantes acompanharam a economia da mineração, de um lado, um crescimento populacional bastante acentuado; por outro, a urbanização do Centro-Sul. A população das Gerais, concentrada em núcleo urbanos, podia contar com alguns serviços incentivados pela circulação de moedas. Os núcleo urbanos tendiam a crescer. Vila Rica de Ouro Preto, teve uma população que oscilou entre 30 e 100 mil habitantes, conforme a época. Nesses núcleos surgiram várias atividades profissionais livres: o trabalho de artesãos, de pequenos comerciantes, lojas, armazéns, hospedarias e, é claro, a prostituição. O ouro podia comprar tudo.

Esse comércio subsidiário à economia mineradora aumentava as possibilidades de enriquecimento. A sociedade estratificada e rígida da colônia, que praticamente não permitia a ascensão de uma classe a outra, começava a modificar-se. Existia uma pequena possibilidade de ascensão social.

As transformações sociais

As novas atividades econômicas geraram novas camadas na sociedade, as quais nem sempre estavam ligadas às antigas estruturas sociais da colônia. Surgia, assim, aquilo que muitos chamaram de embrião de uma classe intermediária, ou média.

Mas, mesmo com o aparecimento desses novos setores na sociedade, o Brasil continuava um país escravista. O aumento do trabalho livre não chegava nem de longe a ameaçar a ordem escravocrata. Por volta de 1780, havia em Minas Gerais cerca de quatro escravos por cada pessoa livre. Numa população de cerca de 300 mil pessoas, 250 mil eram escravos.

Por essa razão, não podemos afirmar que as transformações foram profundas a ponto de modificar a estrutura social da colônia.

No entanto, a sociedade produzida pela economia mineradora dava condições de mobilidade social, embora isso fosse a exceção não a regra. A alforria de negros escravos existia, embora bem mais rara do que se chegou a pensar. Geralmente eram as escravas que se tornavam esposas ou concubinas de homens dos setores médios que se formavam na região das minas, sendo assim alforriadas por eles. Na sociedade açucareira isso não existia.

Toda essa vida mais dinâmica favoreceu uma produção intelectual, antes impossível.

O ouro e a cultura

A produção cultural no Brasil no século XVIII foi bastante marcada pelo euforia da mineração. Minas Gerais, a região mais populosa e urbanizada, era o centro da produção musical, literária e das artes plásticas.

A cultura de Minas Gerais estava obviamente exposta à influência portuguesa, mas sofria também a influência do Iluminismo francês.

A fundação de diversas academias de letras e ciências em Salvador e no Rio de Janeiro pode ser entendida como a formação das bases de uma cultura mais urbanizada e contestadora do colonialismo. Inicialmente, os intelectuais que participavam desses grupos centraram seus estudos nas ciências naturais. Mas foi a partir daí que acabaram por descobrir as potencialidades do Brasil, acentuando ainda mais o caráter anticolonialista de suas reflexões.

Os livros eram contrabandeados ou, muitas vezes, vinham com a capa de outros livros para burlar a censura e a Inquisição. Existiam bibliotecas particulares que funcionavam quase como se fossem públicas. Esse foi o caso de Luís Vieira da Silva, um dos participantes da Inconfidência Mineira, que possuía mais de 800 volumes, com grande parte das obras de autores iluministas. Pela primeira vez na história da cultura brasileira começava a esboçar-se a formação de um público.

A literatura da época da mineração reagiu, através do estilo chamado arcadismo, contra o estilo rebuscado e artificial do barroco. O arcadismo se inspirava na natureza, na simplicidade e no racionalismo, ao mesmo tempo em que enaltecia os sentimentos amorosos. Tomás Antonio Gonzaga foi um dos foi um dos mais famosos árcades. Enalteceu sua paixão por Marília em versos mas também fez críticas ao despotismo (poder absoluto) do governador português.

Claudio Manuel da Costa foi, sem dúvida, o maior dos poetas do arcadismo. Por seu envolvimento na Inconfidência Mineira, morreu na prisão em condições pouco esclarecidas.

As Artes Plásticas

Os trabalhos de arquitetura e os temas de escultura sofreram a influência nítida da vida religiosa e dos padrões portugueses.

Os artistas (em sua maioria padres) preocupavam-se com a ostentação e trabalhavam com os arquitetos de acordo com a estética importada da Europa: o barroco.

O Barroco europeu moldou e influenciou as realizações dos artistas mineiros. Houve, no entanto, uma reelaboração e adaptação ao novo contexto histórico-social brasileiro no trabalho de São Francisco de Assis e nas estátuas do adro da igreja de Congonhas do Campo.

PEDRO, Antonio. História da civilização ocidental. ensino médio





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