Segundo a tradição suméria, por volta de 2500 a.C. a cidade de Uruk teria sido governada por um lendário rei chamado Gilgamesh. Sobre ele foram criadas muitas lendas, transmitidas oralmente e depois escritas na forma de poema.
Este poema, chamado hoje de epopéia de Gilgamesh, é o mais antigo texto literário conhecido. Foi encontrado em 1872 pelo arqueólogo inglês Georg Smith entre os restos da biblioteca de Nínive.
Gilgamesh teria sido o quinto rei da primeira dinastia que governou a cidade de Uruk após o dilúvio, tendo reinado por 126 anos. No poema ele é descrito como um ser 2/3 deus e 1/3 homem, pois sua mãe era uma deusa, Gilgamesh herdou de sua mãe a beleza, força e inquietude, e de seu pai a imortalidade. A tragédia do poema é o conflito entre os desejos do deus e o destino do homem.
Seu companheiro na epopéia é Enkidu, um ser criado entre os animais selvagens, que o auxilia em suas lutas contra monstros e deuses. A grande amizade entre Gilgamesh e Enkidu, que tem início com uma luta corpo a corpo em Uruk, é o elo que liga todos os episódios da história.
O texto abaixo faz parte do poema épico de Gilgameshi, o renomado rei de Uruk, na Mesopotâmia.
Esse poema é uma mistura de aventura, ensinamento moral e tragédia. Gilgameshi pode ser considerado o primeiro herói trágico da literatura mundial. Existem fortes evidências de que ele foi escrito a 4 mil anos atrás. A versão que chegou até nós é do século VIII a.C., da biblioteca de tabletes de argila de Assurbanipal, o grande rei assírio, descoberta em meados do séculos XIX.
Gilgameshi, o rei de Uruk Oh! Gilgameshi, senhor de Kullab, grande seja a vossa glória. Este foi o homem que conheceu todas as coisas; foi ele o rei que conheceu os países do mundo. Ele era sábio, viu os mistérios e conheceu as coisas secretas, transmitiu-nos a história dos dias antes do Dilúvio. Ele fez uma longa viagem, ficou muito cansado, esgotou-se de tanto trabalhar e, quando voltou, descansou; e gravou numa pedra toda a história. Quando os deuses criaram Gilgameshi, deram-lhe um corpo perfeito Shamash, o glorioso Sol, deu-lhe a beleza; Adad, deus de tempestade, deu-lhe a coragem; os grandes deuses fizeram tão perfeita a sua beleza, que superava todas as outras. Os deuses fizeram-no dois terços deus e um terço humano. Em Uruk ele construiu os muros da cidade (…) e o templo da deusa Eanna (…) Traduzido de SANDARS, N. K. The epic of Gilgamesh. An English version with an introduction. Harmondsworth, Middleessex, Penguin Books, 1968. p. 59 |
PEDRO, Antonio. História da Civilização Ocidental. ensino médio.