A arquitetura religiosa foi a mais expressiva das manifestações artísticas medievais.
Dois grandes estilos definem a estética arquitetônica medieval: o românico e o gótico.
O românico, mais antigo, teve seu apogeu entre fins do século XI e meados do século XII. Suas características marcantes são a monumentalidade da construção e a horizontalidade, com grossas paredes de pedra, maciços pilares e abóbadas circulares. As igrejas românicas representavam “fortaleza de pedra”, locais em que os homens experimentavam a proteção de Deus e a sua autoridade, e assumiam uma atitude introspectiva (provocada pela pouca luz e pelo predomínio da horizontalidade).
O gótico, ao contrário do românico, apresenta paredes finas, sustentadas por arcobotantes (suportes externos ao edifício), janelas enormes e luminosos vitrais, arcos em forma de ogiva, torres esguias e pontiagudas. A construção gótica expressava uma concepção teológica – a da escolástica nascente: é uma arquitetura de luz, lucidez e lógica. Na igreja gótica, o homem sente-se partícipe da criação divina e assume uma atitude de busca de Deus através da transcendência (verticalidade).
A escolástica: o pensamento medieval
No século XII ampliou-se o interesse pelas letras e pelo conhecimento. Os mosteiros foram cedendo lugar às escolas das catedrais, e o ensino passou para as mãos de leigos que dependiam de licença da Igreja para o estudo e o ensino. Professor passou a ser um ofício, e estudante, se não uma carreira, pelo menos um estilo de vida.
Já no século XII surgiram novos elementos na cultura medieval, como um maior interesse pelo estudo da natureza. Ocorreu uma redescoberta da Antiguidade Clássica iniciada com a tradução de textos bizantinos e posteriormente discutida nas universidades. Além disso formaram-se corporações de estudantes. Um dos resultados dos trabalhos dessas corporações foi a autonomia da universidade.
A escolástica, corrente teológica e filosófica característica da Idade Média, tentava conciliar a fé cristã com um ideal de racionalidade calcado na tradição grega. A Igreja passava por mudanças: Lutava-se contra as heresias e presenciava-se o surgimento das ordens mendicantes que resgataram a respeitabilidade intelectual da Igreja, através de doutores como santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino, o mais importante nome do pensamento escolástico, autor de Suma teológica.
A literatura medieval
A produção literária medieval foi, durante a Alta Idade Média, privilégio dos clérigos que liam e escreviam em latim. A partir do século XI a literatura diversificou-se com o aumento da produção em línguas vulgares, ou seja, faladas no cotidiano, em contraposição ao latim, a língua erudita. Nessa nova produção destacam-se a poesia trovadoresca, que exprime principalmente os sofrimentos de amor; a canção de gesta, que enaltece os feitos e as aventuras épicas da cavalaria; o romance cortês, onde a trama das batalhas é penetrada pelas paixões impossíveis da poesia trovadoresca; a poesia goliarda, manifestação boêmia dos estudantes da época, que criticavam todas as instituições; o romance didático, cuja obra mais relevante é o Romance da rosa.
A literatura medieval deu origem a formas e temas que viriam marcar profundamente a evolução da mentalidade ocidental e, principalmente, produziu grandes obras-primas da literatura, como a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Nessa obra, Dante critica a Itália de seu tempo, revela questões de fé, de política e de poesia, realizando na literatura a síntese das concepções escolásticas.
Também pertencem a esses conjunto de grandes autores Boccaccio, italiano, autor de Contos de Canterbury. Esses autores e suas obras, contudo, já anunciavam os novos tempos do Renascimento e da chamada Idade Moderna.
fonte: PEDRO, Antônio. História da Civilização Ocidental.ensino médio.volume único.