Teoria da História - Positivismo e Historicismo
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Teoria da História - Positivismo e Historicismo


Definições de Tempo Cronológico e Tempo Histórico na Escola Metódica e na Corrente Historicista

A escola metódica (dita positivista) surgida na Alemanha, teve como propósito transformar a História em uma ciência. A partir disso, os positivistas procuravam a objetividade nos métodos utilizados para analisar os fatos históricos, que para eles deviam ser sempre buscados nos documentos escritos e legitimados pelo Estado.

Para os positivistas, os procedimentos metodológicos utilizados nas ciências da natureza poderiam ser aplicados para uma análise social. Contudo, o historiador deveria manter certa imparcialidade diante seu objeto de estudo, sendo totalmente neutro para que assim chegasse a uma verdade histórica objetiva.

A análise da escola metódica era feita de uma forma linear, numa “escala evolutiva”, ou seja, o fato histórico está “preso” na linha do tempo e deveria ser analisado cronologicamente, catalogando os documentos dessa forma. Os positivistas faziam apenas uma análise geral para aquele fato, sem entrar em detalhes, descrevendo apenas o que o documento “fala por si só”, ou seja, ele descrevia apenas aquilo que estava escrito, sem emitir juízo de valor, sendo totalmente imparcial e objetivo. Para os historiadores positivistas, as análises não poderiam ser desconstruídas, pois os fatos são verdades absolutas.

Já a corrente historicista é uma corrente contrária ao positivismo e diferente do marxismo, contudo articula entre uma e outra dentro das ciências sociais. Na escola historicista, o sujeito (historiador) tem um contato direto com seu objeto de estudo, não se afastando do mesmo, pois ambos se “refletem entre si”.

Tal vertente segue algumas regras:


1ª. Todos os fatos, sendo eles sociais, políticos, culturais, etc., são fatos históricos e devem ser analisados e compreendidos dentro de seus processos históricos;

2ª. Existe uma diferença metodológica e epistemológica entre ciências históricas (sociais) e ciências naturais, pois segundo os historicistas o objeto de estudo é diferente e não pode se fazer uma análise idêntica (com os mesmos métodos) de objetos diferentes;

3ª. O conhecimento não é um conhecimento neutro, pois o sujeito/ historiador faz parte da pesquisa, sendo que tal pesquisa deve estar inserida no curso do processo histórico (em evolução histórica).

Com isso há uma quebra com a linearidade histórica, sendo que a partir dessa corrente historiográfica as análises serão “circulares”, sendo construídas a partir de uma tese, analisadas e compreendidas a partir de uma antítese e reconstruídas a partir de uma síntese, e assim sucessivamente, sendo que, a síntese dessa análise não será a mesma da tese inicial. Este modo de análises permite que perspectivas diferentes sejam feitas do mesmo fato (relativismo).

Quanto ao conceito de relativismo, Michael Löwy propõe que “não existe uma verdade objetiva, neutra; existem verdades que resultam de um ponto de vista particular, vinculando-se a certas convicções políticas e religiosas” (LÖWY, 2000). Segundo ele, a teoria relativista foi a mais interessante contribuição do historicismo. Droysen, historiador do século 19, acredita que o historiador precisa tomar uma posição diante tal fato, sendo contra ou a favor, e assim chegar a um “conhecimento muito mais carregado de significado, mas que será necessariamente parcial.” (LÖWY, 2000).

Segundo Wilhelm Dilthey, as ciências sociais se diferem das ciências naturais e ele usa argumentos bastante convincentes para defender seu argumento. Para ele, nas ciências sociais, o indivíduo e o objeto são iguais, onde o homem “estuda a si mesmo”. Já nas ciências naturais, o indivíduo estuda “um objeto que lhe é exterior”, como as plantas, o ar, etc. Ele defende também que, nas ciências sociais, os juízos de valores são inerentes do homem em sua pesquisa e, com isso, o historiador não apenas explica os fatos sociais, como também os compreende.

Sobre Dilthey, Michael Löwy escreve:

Com essas observações, Dilthey chega à conclusão que as ciências sociais são produtos históricos e têm sua validez historicamente limitada. Suas verdades não são verdades absolutas como dois mais dois é igual a quatro. As verdades, os conhecimentos produzidos pelas ciências do espírito não são desse tipo, são verdades e conhecimentos historicamente relativos. E isso vale para o conjunto de produções culturais da sociedade (LÖWY, 2000).


A partir de tais regras, notamos que o historicismo não busca fazer uma análise objetiva do fato histórico, pois tal fato é construído e reconstruído a partir de diferentes análises. Na concepção historicista o fato está preso em seu tempo e a análise é factual, não sendo mais uma “linha do tempo”, onde os fatos são postos cronologicamente, mas podendo-se analisar certo “ponto” histórico, não sendo necessariamente linear. Portanto, os tempos históricos e cronológicos do historicismo “andam juntos”, pois esta é uma tentativa de ruptura com o positivismo.


Referências Bibliográficas



MICHAEL, Löwy. “Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista”. São Paulo: Cortez, 2003.

QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber”. Belo Horizonte: UFMG, 2000.

REIS, José Carlos. “A História entre a Filosofia e a Ciência”. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.




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