Foto: Getty Images
Greta Garbo
Um caldeirão em que se mesclaram totalitarismo, recessão, guerras e um inconsciente coletivo cubista e surrealista. A ausência de uma característica única para definir a década de 30 pelo mundo supera a escassez de adjetivos. Os fatos e personagens marcantes da época são diversos e caracterizados por expressões distintas, mas podem ser resumidos em uma mesma palavra: tensão.
Para Osvaldo L. A. Coggiola, historiador especializado em economia política da Universidade de São Paulo, os anos 30 são memoráveis por três acontecimentos: a crise de 29 nos Estados Unidos, que determinou mudanças na economia mundial; a ascensão de movimentos nacionalistas e populistas, como o nazismo e o fascismo; e as vanguardas artísticas capazes de contestação política.
"Houve uma depressão econômica mundial cujo estopim foi a quebra da Bolsa de Nova York. A queda das ações foi apenas um reflexo da crise de superprodução e do processo de deflação que ocorria", disse. "Para o Brasil, a crise de 29 determinou uma fratura da classe dominante no Estado oligárquico, que levou Getúlio Vargas (1930-1945) a recorrer a métodos militares para chegar ao poder", afirmou.
Foto: AP
Franklin Roosevelt
Para Coggiola, o período entre guerras da década de 30 ficou marcado no cenário geopolítico pelo presidente americano Franklin Roosevelt (1933-1945), autor do New Deal (plano para recuperar a economia dos EUA durante a Grande Depressão); o líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler (1934-1945), que marcou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945); e o líder da União Soviética no auge da influência do bloco comunista, Josef Stalin (1922-1953).
No âmbito cultural, a arte do espanhol Pablo Picasso condenando a destruição da cidade de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e cineastas europeus produzindo nos Estados Unidos representaram a ascensão da arte-protesto.
Do conturbado período, lembrou o especialista, herdamos a estrutura industrial, que é base para o Brasil até hoje, políticas econômicas anticíclicas pelo mundo e um sentimento misto de esperança e desilusão com chefes de Estado que governam com mãos de ferro
http://ultimosegundo.ig.com.br