Com a morte de Pepino, o reino ficou dividido entre seus dois filhos, Carlomano e Carlos Magno. Esses dois herdeiros disputavam o domínio total do reino, mas com a morte de Carlomano, em 771, Carlos Magno transformou-se no único rei dos francos.
Carlos Magno e seu exército de aristocratas anexaram a soxônia (parte da atual Alemanha), a Frísia (parte da atual Holanda) e a Catalunha (parte atual da Espanha) e a Itália lombarda.
Para facilitar a administração de seu vasto Império, Carlos Magno dividiu-o em condados (regiões administrativas), que eram administradas pelos condes, nobres de confiança do imperador.Os condes recebiam grande extensões de terra e uma parte proporcional dos rendimentos da região que administravam. Além deles existiam os duques – que recebiam benefícios ainda maiores – e os marqueses, que além dos benefícios recebiam também imunidade.
Havia ainda os missi dominici, espécie de fiscais do imperador nas províncias, que eram recrutados entre a nobreza e nomeados dois a dois: um era bispo, e o outro nobre leigo (não religioso). Foi graças ao trabalho dos missi dominici que o Império Carolíngio se manteve integrado. Eles utilizavam documentos escritos e faziam cumprir as capitulares (leis administrativas criadas pelo imperador). No entanto, não existia realmente uma burocracia palaciana que administrasse efetivamente o império. O que garantia a relativa coesão dos domínios imperiais era o juramento de fidelidade que os vassalos carolíngios faziam ao rei.
O caminho para o feudalismo
As medidas políticas e econômicas tomadas por Carlos Magno visavam o fortalecimento de seu poder pessoal. Com o passar do tempo, essas medidas tiveram um efeito contrário, isto é, foram minando o poder central e fortalecendo o poder dos nobres e senhores locais, abrindo caminho para o desenvolvimento do feudalismo. Desde a época dos merovíngios, havia o beneficium, que consistia em doar terras aos nobres que prestassem serviços ao rei; esses nobres eram chamados de vassalos. Com Carlos Magno essas doações passaram a ser um direito daqueles que prestassem serviços ao imperador. Esses nobres, vassalos diretos do imperador, não se submetiam à autoridade dos condes e dos missi dominici.
Daí surgiram os feudos territoriais, concessões de terras revestidas de poderes jurídicos e políticos, em troca de serviço militar. Surgiu uma cavalaria de aristocratas, que prestava serviços militares ao imperador. Dessa forma, a guerra passou a ser uma prerrogativa da aristocracia.
Os camponeses, agora excluídos da guerra, trabalhavam as terras e alimentavam esse exército de nobres. Formou-se assim uma unidade de produção agrária trabalhada por camponeses dependentes de grandes senhores: era o início da produção senhorial, base da economia feudal. Esses camponeses eram conhecidos como servos: não eram escravos, mas estavam presos à terra e a uma série de obrigações para com seus senhores.
Crise e desintegração do Império Carolíngio
Carlos Magno morreu em 814, sendo sucedido por seu filho Luís, o Piedoso, que governou até 840. Os filhos de Luís, o Piedoso, passaram a disputar o poder, arrastando o Império Carolíngio a uma longa guerra interna, que o fez desaparecer. Uma das razões principais dessa desintegração foram as guerras pela sucessão, que dizimaram a maioria dos jovens combatentes da aristocracia. Isso era agravado pela pouca eficiência da cavalaria para manter a ordem na vastidão territorial do império. Além disso, não havia um sistema de administração suficientemente organizado que garantisse a unidade política.
Além dessas razões, havia o nível das forças produtivas, que não atendiam às necessidades de um Império organizado e centralizado. Por outro lado, as novas invasões que assolaram a Europa Ocidental mostraram a fragilidade da administração dos condes, duques e marqueses.
Numa tentativa de evitar a falência total do Império, os três irmãos, que lutavam pelo poder, entraram em acordo. Pelos Tratado de Verdum, assinado em 843, dividiram o império em três partes: a Lotário couberam os domínios centrais; Luís, o Germânico, recebeu a porção oriental. e Carlos o Calvo, ficou com a parte ocidental do império.
Com a morte desses soberanos e a posterior divisão de cada reino entre seus herdeiros, a desagregação do império foi inevitável. Em 850 os benefícios tornaram-se hereditários, aumentando a independência e o poder dos nobres. Logo depois em 870, extinguiu-se o último dos missi dominici, representante da autoridade central imperial. Em 890, o título de conde tornou-se hereditário. Os condes ficaram com um poder cada vez maior sobre seus domínios territoriais.
Com o recrudescimento (aumento) das invasões dos normandos e magiares no final do século IX, toda a Europa, particularmente a atual França, cobriu-se de castelos privados.