Cleópatra Thea Filopator, mais conhecida como apenas Cleópatra, é certamente, uma das figuras mais célebres da Antiguidade Clássica e, em geral, de toda a história. Essa personagem cativou a imaginação de milhões de pessoas em todas as épocas, tanto pela aura exótica que acompanhou a sua figura como rainha do Egito, bem como pelo seu relacionamento com Júlio César e Marco Antônio.
Essa fascinação com a última governante do período helenístico da terra dos faraós, se reflete também no mundo da artes, sendo Cleópatra retratada em muitas pinturas e esculturas. Uma das obras mais marcantes está preservada no Louvre, e é o trabalho de um seguidor misterioso de Leonardo da Vinci, um discípulo que os historiadores chamam de Giampietrino.
Detalhe de 'A Morte de Cleópatra' por Benedetto Gennari | Crédito: Wikipédia.
Apesar dos poucos dados disponíveis sobre sua pessoa, agora os especialistas acreditam ter identificado este artista como sendo o pintor Giovanni Pietro Rizzoli, um lombardo cujas obras mostram a influência inconfundível do gênio florentino. No entanto, ao longo de décadas, a verdadeira identidade do artista permaneceu um enigma indecifrável para os pesquisadores.
Aparentemente, a pintura que ele fez com Cleópatra como protagonista, e que agora descansa nos fundos do Museu de Paris, foi feita em 1538, curiosamente, ela também retrata um episódio envolto em mistérios.
A cena captada por Giampietrino não é outra senão a do suicídio de Cleópatra, um evento que tem sido objeto de controvérsia nos textos históricos que falam sobre a morte da sedutora representante da dinastia ptolemaica.
'A Morte de Cleópatra' por Giampietrino | Crédito:. Wikipédia
Fontes romanas nos contam que a rainha egípcia se suicidou quando ela percebeu as intenções de Augusto de levá-la como prisioneira para Roma. De acordo com Estrabão, autor do texto mais antigo sobre o assunto, na época circulavam duas versões: a primeira alegava que Cleópatra tinha se untado com uma unguento tóxico; a segunda, dizia que ela morreu por causa do veneno de uma cobra egípcia que lhe mordera um peito.
No entanto, apenas alguns anos mais tarde, já circulavam diferentes versões do acontecido: por exemplo, dez anos após o desaparecimento de Cleópatra, poetas romanos falavam que foram duas víboras, e não apenas uma, as responsáveis por dar fim à vida da rainha egípcia.
As versões só aumentaram com o passar dos tempos, sendo que muitos autores descartaram a versão das cobras, defendendo em vez dela, a de que foi Augusto quem matou Cleópatra. Mais recentemente, no entanto, historiadores como o alemão Christoph Schaeffer sugerem que, possivelmente, a rainha do Nilo foi envenenada tomando uma bebida feita da mistura de plantas tóxicas.
'A Morte de Cleópatra' por Hans Makart | Crédito: Wikipédia.
Seja como for, ao analisarmos as várias representações artísticas que foram feitas do fato ao longo da história, não há dúvida de que a hipótese que mais cativou os artistas foi a da serpente. Precisamente a usada por Giampetrino em sua pintura.
Além do seguidor de Leonardo da Vinci, muitos outros artistas se deixaram seduzir pela inquietante imagem de uma Cleópatra dando fim a existência por meio da mordida de uma víbora em um dos seios. Entre eles, por exemplo, se destacam as pinturas dos italianos Guido Reni e Benedetto Genari e a do historicista austríaco Hans Makart.