Em 1337, ao reclamar o trono francês para si, Eduardo III dava início às hostilidades entre a França e a Inglaterra, que culminaram com a destruição da frotas francesa em Flandres, em 1340. Este foi o primeiro embate militar a deflagrar o grande conflito. Em terra, a vantagem também foi para os ingleses: seu exército nacional, composto de corpos de arqueiros, era muito mais eficaz e móvel que o exército francês, organizado com base numa cavalaria pesada e de pouca mobilidade. A infantaria britânica impôs graves derrotas à cavalaria francesa.
Em 1346, Eduardo III desembarca em território francês e procura juntar suas tropas às tropas flamengas, mas é interceptado pelas forças do rei Filipe VI, duas vezes superiores às suas. Ocorre a Batalha de Crécy em agosto de 1346, que, segundo alguns autores, é a primeira batalha em que se usa a pólvora como arma de guerra, liquidando os pesados cavaleiros franceses dentro de suas armaduras. Os trinta mil homens de Filipe VI são derrotados por nove mil ingleses. Os franceses perderam onze príncipes, mil e duzentos cavaleiros e dez mil homens de hierarquia militar inferior, um total que excedia o próprio exército inglês.
Graças a esta vitória, os ingleses, depois de um ano de sítio, tomaram Calais, no Canal da Mancha, o que lhes garantia, a partir de então, uma cabeça de ponte no continente (agosto de 1347). Vencedores igualmente dos aliados dos franceses, os ingleses consentiram numa trégua, que a Peste Negra faria prolongar até 1355.
A Peste Negra (1347-1351)
A trégua coincidiu com um grande flagelo que foi chamado de Peste Negra. Na verdade, houve na Europa desse período uma epidemia de peste bubônica, a qual se desenvolve onde existam condições precárias de higiene. Numa cidade medieval, lixo, água contaminada, urina e fezes eram atirados das janelas das casas diretamente para as ruas. Não havia qualquer forma de tratamento dos resíduos humanos. Em tal ambiente, os ratos encontravam uma situação propícia para sua reprodução. As pulgas dos ratos eram, por sua vez, o vetor de transmissão da bactéria. Essas pulgas picavam as pessoas e transmitiam-lhes a doença. O paciente ficava com seus gânglios inchados e com manchas arroxeadas espalhadas pelo corpo, as quais iam escurecendo à medida que a doença progredia (por isso o nome Peste Negra), após esse estágio vinha a morte. A palavra bubônica deriva do nome popular que se dava aos gânglios inchados (bubons).
É significativo que o trajeto da Peste Negra possa ser traçado ao longo das rotas dos navios e, evidentemente, por seus ratos. De acordo com relatos da época, a peste chegou à Europa vinda do Oriente, trazida da Criméia para a Itália em 1347. Nos dois anos seguintes, espalhou-se pela Alemanha, França, Espanha e Inglaterra, alcançando em seguida todo o continente europeu. Não há estatísticas sobre as mortes, mas nas cidades em que a higiene era mais precária, estima-se a morte de mais da metade da população. Algumas aldeias rurais simplesmente desapareceram. Além de graves repercussões na economia, também repercutiu sob forma de crises políticas.
O Final da Trégua e o Desastre de Poltiers
O rei da França Filipe VI, havia morrido, e João, o Bom, assumiu o trono (1350-1364). Aproveitando-se do fato de o rei João estar com problemas com o rei de Navarra, os ingleses tomaram nova iniciativa na guerra. O filho de Eduardo III, também chamado Eduardo, mas conhecido como o Príncipe Negro, desembarca em Bordéus em setembro de 1355. Atacou o Languedoc, atingiu o Loire, próximo a Poltiers em 19 de setembro de 1356, e derrotou os franceses. Eram 6.500 ingleses contra 20.500 franceses, que foram dizimados pelos arqueiros ingleses, ocorrendo inclusive a prisão do rei francês, João, o Bom, que foi levado para a Inglaterra.
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