Hermes da Fonseca em 15 de Novembro de 1910
História do Brasil e do Mundo

Hermes da Fonseca em 15 de Novembro de 1910


Hermes Rodrigues da Fonseca (São Gabriel, 12 de maio de1855 ? Petrópolis, 9 de setembro de 1923) foi um militar e político brasileiro, presidente do Brasil entre 1910 e 1914.
Sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, 1º presidente do Brasil, do general João Severiano da Fonseca, Patrono do Serviço de Saúde do Exército, e filho do marechal Hermes Ernesto da Fonseca e de Rita Rodrigues Barbosa.

Biografia

Seu pai era natural de Alagoas e, sendo militar, foi transferido para São Gabriel, onde Hermes nasceu, em 1855. Quando o pai foi enviado para a Guerra do Paraguai, a família retornou para o Rio de Janeiro.
Carreira militar
Partidário do positivismo e filiado à maçonaria, o capitão Hermes da Fonseca participou, ao lado do tio, marechal Deodoro da Fonseca, do movimento de 15 de novembro de1889. Anos mais tarde, também marechal, seria eleito e empossado como o oitavo presidente da república.
Em 1871, aos 16 anos, formou-se bacharel em ciências e letras e ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro, onde foi aluno de Benjamin Constant, um dos introdutores das ideias de Auguste Comte no Brasil, e não escapou assim à influência do mestre, embora não se tornasse um positivista ortodoxo. Quando se formou serviu como ajudante de ordens do príncipe Gastão de Orléans, conde d'Eu.
Apoiou a república proclamada por seu tio Manuel Deodoro da Fonseca, e foi convidado por este a ser ajudante-de-campo e secretário militar após o golpe. Em dez meses passou de capitão a tenente-coronel.
Por ocasião da revolta da esquadra (1893), destacou-se, em Niterói, no comando da defesa do governo de Floriano Peixoto. De 1894, quando foi promovido a coronel, a 1896 comandou o 2° Regimento de Artilharia Montada, depois foi nomeado chefe da Casa Militar da Presidência. Comandou a Brigada Policial do Rio de Janeiro (atual Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) entre 1899 e 1904, quando assumiu o comando da Escola Militar do Realengo, que formava os oficiais do exército.
Como comandante da Escola Preparatória do Realengo, em 1904, reprimiu a Revolta da Vacina, movimento que, em nome da liberdade individual, protestou contra a obrigatoriedade da vacina antivariólica, traduzindo, também, a insatisfação popular mais ampla contra o regime. O presidente Rodrigues Alves promoveu-o a marechal.
Desempenhou vários cargos governamentais até se tornar ministro da Guerra, durante o governo de Afonso Pena (1906-1909), entre 15 de novembro de 1906 e 27 de maio de 1908. Reformou o Exército e o Ministério com a criação de serviços técnicos e administrativos. Dessas inovações, a mais importante foi a instituição do serviço militar obrigatório, conquanto essa lei só fora legitimada em 1964, Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964. [4]Devido à discussão na Câmara sobre a participação dos militares na vida política do país, pediu demissão do cargo. Foi depois ministro do Supremo Tribunal Militar (STM).
A eleição de 1910
A festa durante a posse em 1910.
Em novembro de 1908, após regressar de uma viagem à Alemanha, onde assistira a manobras militares como convidado de Guilherme II, foi indicado para a sucessão presidencial. Contou com o apoio do presidente Nilo Peçanha, que substituiu Afonso Pena, e das representações estaduais no Congresso Nacional, à exceção das bancadas de São Paulo e Bahia, que apoiavam o nome do senador Rui Barbosa e o presidente de São Paulo Albuquerque Lins como candidato a vice-presidente, e deram início à campanha civilista.
Pela primeira vez no regime republicano se instalou um clima de campanha eleitoral com a disputa entre civilistas e hermistas. Com o convite de Nilo Peçanha para que retornasse ao cargo no ministério, se fortaleceu e venceu as eleições de 1910 contra Rui Barbosa.
Na eleição de 1 de março de 1910, o país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, o estado do Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais, apoiaram o candidato Rui Barbosa, que tinha o presidente de São Paulo, Albuquerque Lins,[1] como seu vice-presidente, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Hermes e Wencesláu Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos contra 222.822 votos dados a Rui Barbosa.
Depois de eleito viajou à Europa, onde assistiu à queda da monarquia em Portugal.
Na presidência da República
Casamento do Marechal Hermes da Fonseca com Nair de Tefé.
Hermes da Fonseca enfrentou, logo na primeira semana de governo, em novembro de 1910, a Revolta da Chibata, arquitetada por cerca de dois anos e que culminou num motim dos marinheiros no Encouraçado Minas Gerais, Encouraçado São Paulo, Encouraçado Deodoro e Cruzador Bahia, revolta liderada pelo marinheiro João Cândido Felisberto.[2] Depois de conseguido o objetivo, o fim da aplicação da Chibata na Marinha, e concedida a anistia a todos os mais de dois mil marinheiros amotinados, o governo traiu sua palavra e começou um processo de expulsão de marinheiros. O primeiro motim, já controlado, foi seguido de um levante no batalhão de fuzileiros navais sem causa aparente. O Marechal Hermes ordenou o bombardeio aos portos e colocou o país em estado de sítio. Mais de 1200 marinheiros foram expulsos e centenas foram presos e mortos. Apesar de ser bastante popular quando eleito, sua imagem ficou bastante abalada depois da revolta. Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser debelada até o fim de seu governo.
Manteve a ordem e apoiado pelo Partido Republicano Conservador, liderado pelo senador Pinheiro Machado, retomou o esquema das administrações anteriores, sem poder, contudo, conter o surto militarista das chamadas "salvações", que consistiam na derrubada das oligarquias que dominavam as regiões Norte e Nordeste. Foi no seu Governo que foi criada a Faixa Presidencial, pelo Decreto número 2.299, de 21 de dezembro de 1910.
A Política das Salvações, nem sempre pacífica, consistiu em promover intervenções federais sucessivamente nos Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, alegando a prática de corrupção e a fim de colocar militares na chefia dos Estados, em substituição aos políticos. As intervenções provocaram violenta oposição, que resultou no bombardeio a Manaus em 8 de outubro de 1910, ainda no Governo de Nilo Peçanha e Salvador.
Em seu governo ocorreu nova renegociação da dívida externa brasileira, em 1914, com um segundo funding loan(o primeiro fora negociado por Campos Sales), pois a situação financeira do Brasil não andava bem. Sua política externa manteve a aproximação com os Estados Unidos, traçada pelo chanceler barão do Rio Branco, que continuou no cargo de ministro, até 1912, quando faleceu.
No plano interno, prosseguiu o programa de construção de ferrovias, incluindo a ferrovia Madeira-Mamoré e de escolas técnico-profissionais, delineado no governo Afonso Pena. Instalou a Universidade do Paraná. Concluiu as reformas e obras da Vila Militar de Deodoro e do Hospital Central do Exército (HCE), entre outras, além das vilas operárias, no Rio de Janeiro, no subúrbio de Marechal Hermes e no bairro da Gávea.
Foi o único presidente a casar durante o mandato presidencial, sua primeira esposa, Orsina Francioni da Fonseca, com quem casou-se em 1878 veio a falecer em 1912. Sua segunda esposa foi a caricaturista Nair de Tefé von Hoonholtz, filha do barão de Teffé. Nair seria hoje considerada uma feminista - e, em sua longa vida, chegaria a participar das primeiras comemorações do Ano Internacional da Mulher. As cerimônias civil e religiosa ocorreram no dia 8 de dezembro de 1913, no Palácio Rio Negro, em Petrópolis.
Durante seu governo, foi editado um decreto instituindo o uso da faixa presidencial no Brasil, sendo ele mesmo o primeiro presidente a usá-la e o primeiro a passá-la a seu sucessor. Desde então, todos os presidentes a recebem na ocasião da posse. Hermes da Fonseca é um dos dois únicos militares a chegar na Presidência de forma direta e eleitoral. O outro foi Eurico Gaspar Dutra. Durante todo o seu mandato andou fardado, inclusive durante as reuniões ministeriais.
Após a presidência
Ao deixar a presidência, em novembro de 1914, candidatou-se ao Senado pelo Rio Grande do Sul, mas recusou-se a assumir a cadeira, em virtude do assassinato de Pinheiro Machado, no dia em que deveria ser diplomado, em setembro de 1915. Viajou para a Europa, afastando-se da política, e só retornou ao Brasil após seis anos de vida na Suíça (1920), quando se iniciava uma nova campanha presidencial.[2]
Acolhido carinhosamente pelos militares, foi conduzido à presidência do Clube Militar em 1921. Nesta condição entrou em conflito com o governo de Epitácio Pessoa ao prestigiar as forças políticas que apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha, no movimento "reação republicana", e envolver-se na frustrada revolta militar de 1922, conhecida como revolta do forte de Copacabana.
Durante a eleição presidencial de 1922, cartas falsas contra Hermes da Fonseca, onde era chamado de sargentão sem compostura, foram atribuídas à autoria de Artur Bernardes, o que causou tumulto imenso naquelas eleições.
Sua prisão foi então decretada pelo presidente Epitácio Pessoa. Seis meses depois foi libertado graças a um habeas corpus. Doente, retirou-se para Petrópolis (RJ), onde morreu em 9 de setembro de 1923. Foi sepultado no cemitério da cidade.

Composição do governo

A composição do governo do marechal Hermes da Fonseca foi :
Órgãos da Presidência

Órgão
Nome
Período
Início
Fim
Secretaria da Presidência da República
Alcebíades Peçanha
15 de novembro de 1910
7 de abril de 1913
Jesuíno Ubaldo Cardoso de Mello
7 de abril de 1913
10 de novembro de 1914
Consultoria Geral da República
Tristão de Alencar Araripe Júnior
15 de novembro de 1910
29 de outubro de 1911
Rodrigo Octavio de Langgaard Meneses
9 de novembro de 1911
12 de abril de 1912
Manoel Álvaro de Souza Sá Vianna
12 de abril de 1912
1 de agosto de 1913
Rodrigo Octavio de Langgaard Meneses
1 de agosto de 1913
15 de novembro de 1914
Ministérios[editar | editar código-fonte]
Ministério
Ministro(s)
Período
Início
Fim
Ministério da Justiça e Negócios Interiores
Rivadávia da Cunha Correia
15 de novembro de 1910
12 de agosto de 1913
Uladislau Herculano de Freitas
12 de agosto de 1913
15 de novembro de 1914
Ministério da Marinha
contra-almirante Joaquim Marques Batista de Leão
15 de novembro de 1910
11 de janeiro de 1912
vice-almirante Manuel Inácio Belfort Vieira
11 de janeiro de 1912
12 de julho de 1913
general Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva (interino)
12 de julho de 1913
2 de agosto de 1913
vice-almirante Alexandrino Faria de Alencar
2 de agosto de 1913
15 de novembro de 1914
Ministério da Guerra
general Emídio Dantas Barreto
15 de novembro de 1910
12 de setembro de 1911
general Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto
12 de setembro de 1911
30 de março de 1912
general Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva
30 de março de 1912
15 de novembro de 1914
Ministério das Relações Exteriores
José Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio Branco (interino)
15 de novembro de 1910
10 de fevereiro de 1912
Enéas Martins (interino)
10 de fevereiro de 1912
14 de fevereiro de 1912
Lauro Müller
14 de fevereiro de 1912
15 de novembro de 1914
Ministério da Fazenda
Francisco Antônio de Salles
15 de novembro de 1910
9 de maio de 1913
Rivadávia da Cunha Correia
9 de maio de 1913
15 de novembro de 1914
Ministério da Viação e Obras Públicas
José Joaquim Seabra
15 de novembro de 1910
26 de janeiro de 1912
Pedro Manuel de Toledo (interino)
26 de janeiro de 1912
26 de fevereiro de 1912
José Barbosa Gonçalves
26 de fevereiro de 1912
15 de novembro de 1914
Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio
Pedro Manuel de Toledo
5 de novembro de 1910
18 de novembro de 1913
José Joaquim Seabra (interino)
3 de março de 1911
30 de março de 1911
José Barbosa Gonçalves (interino)
4 de maio de 1912
29 de maio de 1912
Manuel Edviges de Queirós Vieira
19 de novembro de 1913
15 de novembro de 1914

Representações na cultura

O marechal Hermes da Fonseca já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Othon Bastos na minissérie "Mad Maria" (2005).

Bibliografia


Marechal
Hermes da Fonseca
clip_image001
8º Presidente do Brasil clip_image003
Período
15 de novembro de 1910
a
 15 de novembro de 1914
Vice-presidente
Venceslau Brás
Antecessor(a)
Nilo Peçanha
Sucessor(a)
Venceslau Brás
Ministro do Superior Tribunal Militar
Período
18 de dezembro de 1908
a
 27 de maio de 1909
Antecessor(a)
Alexandrino Faria de Alencar
Sucessor(a)
Marinho da Silva
Ministro da Guerra
Período
15 de novembro de 1906
a
 27 de maio de 1908
Antecessor(a)
Francisco de Paula Argolo
Sucessor(a)
Luís Mendes de Morais
Vida
Nome completo
Hermes Rodrigues da Fonseca
Nascimento
12 de maio de 1855
São Gabriel,
 Rio Grande do Sul, clip_image005 Brasil
Morte
9 de setembro de 1923 (68 anos)Petrópolis, Rio de Janeiro,
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 Brasil
Dados pessoais
Alma mater
Colégio Militar do Rio de Janeiro
Cônjuge
Orsina Francioni (1878?1912)
Nair de Tefé
 (1913?1923)
Partido
Republicano Conservador
Religião
Catolicismo
Profissão
Militar
Assinatura
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Serviço militar
Serviço/ramo
Exército Brasileiro
Anos de serviço
1871?1906
Graduação
clip_image009 Marechal
Comandos
Brigada Policial do Rio de Janeiro
Batalhas/guerras
Revolta da Esquadra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes_da_Fonseca


































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