o efeito rack focus consiste em mudar rapidamente o foco de um elemento da cena para outro, para chamar a atenção do público, como em uma sala com pessoas conversando ao fundo (local onde está inicialmente o foco) e um telefone em primeiro plano (desfocado). Quanto o telefone toca, o foco muda das pessoas para ele. Câmeras profissionais possuem foco manual verdadeiro, enquanto câmeras do segmento semi-profissional costumam ter foco manual acionado eletricamente (servo motor) e câmeras do segmento consumidor todas tem foco deste tipo (servo). Para reconhecer se a objetiva possui foco manual verdadeiro, basta tentar girar o anel de foco por diversas voltas. Se ele parar de girar em determinado ponto (como um volante de direção, que dá determinadas voltas para um dos lados e pára), trata-se de foco manual verdadeiro. Se ele no entanto girar indefinidamente, isso significa que é um anel de comando para os servo motores, e o que está ocorrendo é o que ocorre com a tecla PgDn do micro por exemplo, onde uma vez chegado no limite da página a tecla ainda pode se acionada indefinidamente, porém sem efeito algum.
É mais fácil desfocar propositadamente objetos e pessoas no espaço localizado entre a objetiva da câmera e estes elementos de cena, do que na faixa existente atrás dos mesmos, em direção ao fundo da cena. Isso deve-se ao fato da distribuição da área no campo focal ser 1/3 + 2/3, ou seja, ao focar a objetiva em determinado ponto da cena, um determinado trecho à frente e para trás desse ponto também estará em foco (para o olho humano), a chamada área de profundidade de campo. Mas esse ponto não divide igualmente essa área: entre a lente a os objetos/pessoas, o trecho em foco corresponde a 1/3 do trecho total (sendo, portanto, 2/3 o restante, para trás desses elementos).
Existem algumas maneiras de fazer com que o fundo da imagem fique fora de foco, concentrando o foco no primeiro plano. Uma delas é aumentar a abertura do diafragma manualmente, quando a câmera permite este controle direto. Neste caso, quando isto é feito, aumentará a quantidade de luz que entra pela objetiva e o sistema de exposição automática da câmera aumentará a velocidade do obturador para compensar esta quantidade extra de luz. Uma opção é acrescentar um filtro do tipo ND (Neutral Density) à objetiva, reduzindo a quantidade de luz entrante (foco e filtro ND).
Se a câmera não possuir controle manual direto sobre a abertura do diafragma, pode ser tentado o aumento da velocidade do obturador - controle este presente na maioria das câmeras - que produzirá o mesmo efeito.
A outra alternativa para se desfocar o fundo é simplesmente mover a câmera para mais próximo do objeto a ser focalizado: quanto menor esta distância, mais desfocado ficará o fundo atrás do mesmo.
O mecanismo de foco automático pode ser entendido como um sistema que armazena a imagem vista através das lentes, efetua um deslocamento mínimo no foco das mesmas, armazena novamente a imagem (em outro local) e a seguir compara as duas. Este tipo de sistema é chamado passivo, pois um microprocessador analisa as duas imagens em busca da que estiver melhor focalizada. Sistemas ativos, existentes em máquinas fotográficas, emitem raios de luz infravermelha em direção aos elementos da cena e medem o tempo que os mesmos demoram para voltar à câmera, calculando assim a distância e podendo efetuar o ajuste no foco das lentes. No sistema passivo, o microprocessador simula o julgamento do olho humano. Sabemos que uma imagem está perfeitamente em foco quando seus contornos são nítidos e não borrados, esfumaçados.
Na imagem de um poste preto com uma parede branca ao fundo, se o mesmo estiver focalizado haverá um contraste bem definido na imagem: uma linha vertical divide a imagem, preta para um lado (poste), branca para outro (parede). Se no entanto estiver desfocado, não haverá uma linha divisória: o preto vai-se tornando cinza escuro, depois claro e depois branco, ou seja, o contorno é borrado, não é nítido. E é assim que funciona o microprocessador: tenta identificar linhas divisórias nítidas de contraste. No exemplo, se o contraste é baixo, emite uma ordem para um micromotor afastar um pouco as lentes e armazena a imagem novamente. Compara a seguir com a imagem anterior: se o contraste aumentou, continua acionando o motor e efetuando comparações, até atingir o maior nível de contraste possível. A partir de determinado ponto no entanto, estando a imagem bem nítida, um próximo afastamento das lentes vai diminuir novamente o contraste. Então o microprocessador percebe que atingiu o ponto de foco na posição anterior e retorna as lentes para o ponto anterior. É por isso que vemos o ir e vir do foco até que o sistema encontre o ponto ideal.
De posse dessas informações, podemos concluir os dois fatores que facilitam a focalização automática: a existência de contraste na imagem e a existência de luz. Se no exemplo a parede do fundo do poste fosse também preta, o sistema teria dificuldade em achar o foco (até poderia não conseguir). Por outro lado, se o local estivesse escuro, a mesma dificuldade apareceria. Assim, a dica para facilitar o foco automático é apontar a câmera para locais iluminados e com contraste. Em determinadas situações, como tentar focalizar uma camiseta uniformemente branca de alguém pode ser utilizado um truque, que consiste em desviar a câmera para algo que possua contraste (o colar que a pessoa usa por exemplo). A câmera vai conseguir fazer o foco. A seguir, volta-se a enquadrar a parte homegênia (camiseta) por exemplo. Esse truque pode ser utilizado sempre que percebermos a câmera em dificuldade para focalizar uma determinada cena. Como opção, se a duração da cena for razoável, pode valer a pena travar o foco nesse momento, passando para manual.
Em locais com pouca iluminação o mesmo problema pode ocorrer. Neste caso, o melhor é desligar o foco automático e trabalhar com o manual.
Outra dica: geralmente a porção analisada não é toda a imagem vista no monitor e sim somente um retângulo central à mesma. Isso explica a dificuldade de se obter o foco ao enquadrar uma pessoa quase encostada em um dos cantos da imagem, tendo como fundo o céu azul por exemplo. O sensor não consegue obter contrastes no céu uniformemente azul. Deslocando-se a câmera em direção à pessoa, o foco será feito. A seguir, pode-se travá-lo (mudando-o para manual) e retornar ao enquadramento original.
uma maneira rápida e prática de focalizar toda a cena é escolher uma pessoa ou objeto da cena que esteja o mais distante possível da câmera. A seguir, fazer zoom in (óptico) ao máximo nesta pessoa ou objeto e, com a lente zoom nessa posição, focalizá-lo. Em seguida, o foco deve ser passado para manual (ou seja, fixado para que o foco automático não altere a focalização feita) podendo então ser feito zoom out até o ponto desejado: a cena toda estará em foco.
ao se fazer um longo movimento de zoom, para que a cena permaneça focalizada o tempo todo, a dica é primeiro levar o zoom até a posição máxima desejada (em telefoto), enquadrando a pessoa / objeto que será mostrada(o) quando o zoom atingir esta posição. A seguir, manter o enquadramento e deixar que o foco automático focalize a cena. Mantendo-se o enquadramento em foco, desligar o foco automático (geralmente existe um botão para isso ao lado das lentes). Em seguida, retornar o zoom para sua posição de início (grande angular), iniciar a gravação e iniciar a movimentação do zoom. Ou então (se este for o caso), iniciar a gravação e retornar o zoom para a posição grande-angular.
É possível alterar a profundidade de campo da imagem acrescentando à objetiva da câmera um filtro do tipo ND (Neutral Density). Este tipo de filtro (vendido em diversas graduações) não altera as cores da imagem gravada, apenas reduz a intensidade da luz que atinge as lentes da câmera. Com isto, o diafragma, quando em modo automático, terá sua abertura ampliada, para compensar a perda de luminosidade na superfície do CCD e manter a exposição correta. Desta forma, consegue-se manter a mesma exposição porém com o diafragma mais aberto e maior abertura significa menor profundidade de campo, ou seja, fundo mais desfocado.
ao contrário das máquinas fotográficas 35mm reflex tradicionais, que possuem um anel de foco que, girado aproxima ou afasta a objetiva do corpo da câmera, permitindo assim realizar a focalização, nas câmeras de vídeo dos segmentos consumidor e semi-profissional o processo é diferente. Nestas, mesmo que exista um anel de foco que possa ser girado, ele não é ligado diretamente ao mecanismo de controle de aproximação / afastamento da objetiva. O anel em questão é ligado a um sensor, que transforma o movimento de giro em pulsos elétricos. Estes, por sua vez, são levados através de fios a pequenos motores elétricos que irão movimentar a objetiva para frente e para trás, conforme o giro do anel. Este dispositivo de movimentação chama-se "servo-mecânico", e seu tempo de resposta e atuação são sempre ajustados pelos fabricantes para serem mais lentos do que o movimento do anel de foco. É por isso que nesses equipamentos é impossível realizar efeitos onde o foco é alterado com grande rapidez (movendo-se rapidamente o anel) e também que pode-se girar o anel infinitamente, o que não ocorre no sistema mecânico das câmeras profissionais de vídeo e fotográficas.
para tele em muitas situações é comum a perda do foco automático ao efetuar, muito rapidamente, um movimento de zoom a partir da posição máxima de wide para a posição final de tele. Os ajustes internos necessários para colocar em foco a imagem vista através da posição grande-angular (wide) são bem menos rigorosos do que os necessários para colocar em foco a imagem vista através da posição teleobjetiva (tele). A rapidez da movimentação do zoom não é acompanhada pelo mecanismo de ajuste do foco automático, que passa, na posição final de tele, a buscar o foco na imagem através do movimento de vai-e-vem do conjunto óptico de foco no interior do zoom. Para evitar-se isso, a dica é: antes de efetuar a gravação, colocar as lentes na posição final do zoom (tele) e aguardar alguns segundos, para que o mecanismo de foco automático efetue a focalização adequada. A seguir, desligar o foco automático, passando seu controle para manual. É preciso cuidado nesta operação, mantendo a câmera apontada para a pessoa / objeto distante e com ela assim apontada, efetuar o desligamento da chave do foco automático, para evitar que o foco seja perdido. Desligado o foco automático, retrocede-se o zoom para a posição wide e inicia-se a gravação a partir deste ponto. Mesmo que a movimentação do zoom seja muito rápida, a cena permanecerá em foco do início ao fim.
Normalmente o foco automático, presente nas câmeras dos segmentos consumidor e semi-profissional, desempenha bem o seu papel. No entanto existem algumas situações, notadamente quando vários elementos da cena estão em primeiro plano e em movimento, principalmente aproximando-se e afastando-se da câmera, onde o foco manual é preferível. Isto porque o sistema automático estará a todo momento tentando focalizar algum elemento do primeiro plano que domine a cena, e a indecisão do mecanismo acaba chamando a atenção de quem assiste, distraindo-o.
Um exemplo de situação é a gravação com o zoom em posição tele de pessoas representando uma peça no palco de um teatro, estando a câmera na platéia. O espaço no palco é amplo o suficiente para que um ator em primeiro plano fique em foco, enquanto um situado alguns metros atrás dele fique desfocado. Se a intenção é apresentar todos em foco, o zoom deve ser avançado em direção à tele até ser enquadrado algum detalhe do personagem ao fundo. Aguardar então alguns segundos para que o sistema automático estabeleça o foco. A seguir, mudar o foco de automático para manual, travando-o assim nesta posição. Ao abrir-se novamente o zoom, tanto o ator em primeiro plano como o em segundo plano estarão sempre em foco, ainda que movimentem-se na região onde estavam no palco. Ver foco automático e zoom.
Um interessante efeito de transição pode ser feito na própria câmera. Ao gravar determinada cena, com o foco ajustado para a forma manual, ao término da cena, desfocá-la gradativamente até seu ponto máximo de desfoque. A velocidade de desfoque não deve ser muito rápida, porém, por outro lado, nem muito lenta, embora, para efeitos dramáticos, o movimento mais lento possa ter utilidade. Após o término da gravação dessa primeira cena, vem a seguinte. Nesta, a câmera deve ser mantida com o foco manual, e a cena deve estar totalmente desfocada. Pressionar o botão REC e lentamente voltar o foco para sua posição normal. Esta é a transição. Para melhores efeitos, quanto mais as imagens desfocadas se confundirem, melhor. A fusão das duas pode ser ainda mais melhorada na fase de edição, colocando-se entre elas um efeito de dissolve entre uma e outra.
A maioria das câmeras dos segmentos consumidor e semi-profissional possui um botão para ligar / desligar o foco automático (câmeras profissionais não possuem este controle porque não possuem foco automático). Em situações onde a câmera está em uma posição fixa e também o objeto ou pessoa sendo gravados, porém entre os dois existem objetos móveis, como pessoas passando por exemplo, a dica é desligar o foco automático, pois a passagem dessas pessoas (por exemplo) fará com que o mesmo tente efetuar uma re-focalização. Para isso, deve-se inicialmente focalizar o assunto principal, com o auxílio do foco automático e, uma vez a imagem em foco, sem mover a câmera nem acionar o zoom, mudar a chave de foco da posição auto para manual. Não esquecer de, mudando-se a situação (posição da câmera / objeto / pessoa), voltar a chave para o foco automático, se assim for desejado.
Fonte: www.fazendovideo.com.br