Fundado em São Paulo (SP) no início de agosto de 1865 por Pedro Taques de Almeida Alvim, que havia sido o primeiro redator do Correio Paulistano, Delfino Pinheiro de Ulhoa Cintra Júnior e Henrique Schroeder, então dono da Typographia Alemã, o Diario de S. Paulo foi o primeiro órgão de imprensa ilustrado do jornalismo paulista, além de o segundo jornal de periodicidade diária a ser publicado naquela província. Impresso pelo maquinário de Schroeder e tendo os outros dois proprietários como redatores, pendia politicamente à liberal, ao menos em seus primeiros momentos, e defendia a abolição da escravatura. Com o tempo, além de ter colocado em debate questões relativas à Guerra do Paraguai, explorou pautas como a instituição do federalismo no Brasil, a necessidade de uma reforma eleitoral e questões religiosas. Apesar dessa postura, que poderia revelar certo caráter progressista, o jornal foi publicado somente até 1878, após mudanças em sua propriedade. Em 1929 outro Diário de São Paulo passou a circular na capital paulista, mas este empreendimento não tinha qualquer relação com o jornal homônimo do século XIX.
Em seus primeiros momentos, o Diario de S. Paulo dava grande atenção a assuntos de ordem econômica, preocupado com a lavoura e a indústria paulistas, e à Guerra do Paraguai. Em paralelo, não deixava de publicar material oficial, referente ao expediente da presidência da província, então em poder do Partido Liberal, e notícias e reflexões a respeito de efemeridades locais. Ao longo de 1866, o periódico foi deixando de noticiar o expediente oficial, passando a se ater aos desdobramentos políticos da política de conciliação entre os partidos Liberal e Conservador em âmbito nacional e local. Em sua edição nº 293, de 2 de agosto, deixou também de trazer os nomes de seus proprietários no cabeçalho, para, a partir do nº 304, de 15 de agosto, passar a estampar o nome de seu novo dono: Cândido Silva. Indicando certa independência, ao fim desse ano, na edição de nº 414, de 30 de dezembro de 1866, o jornal deixava clara sua insatisfação com os rumos da pátria durante o Segundo Reinado e com a classe política conciliada:
Só os cegos e os que interessão em não ver a realidade das cousas poderão julgar prospero e progressivo o estado do paiz. Só esses e os que costumão pactuar sobre as desgraças pátrias não verão o abysmo insondável a que o Brasil está fatalmente impellido ? desde o momento em que a sua governação foi entregue a caducos, a creanças, e a essa massa de corruptos de ambas as grandes parcialidades políticas, que amalgamarão-se sem o mínimo escrúpulo sob o pretexto ou apparencia de liga.
Ainda na década de 1860, quando Silva havia colocado João Mendes de Almeida como seu redator-chefe, o Diario de S. Paulo travou embates com o semanário humorístico O Cabrião, muito pela linha jocosa dotada por Ângelo Agostini à folha.
Cândido Silva, a rigor, não permaneceu muito tempo com a batuta do diário. Antes de sagrar-se deputado, o banqueiro e cafeicultor Antônio da Silva Prado esteve à frente do Diario de S. Paulo, deixando-o, no entanto, no segundo semestre de 1867. No expediente, a partir do nº 636, de 1º de outubro de 1867, o capitão Paulo Delfino da Fonseca assumiu como editor da folha, onde ficaria, depois como proprietário, até a extinção da mesma, mais de dez anos depois.
Em 1º de junho de 1874, o Diario de S. Paulo passou a contar com os serviços da primeira máquina de impressão em grande formato da imprensa paulista. Isso, no entanto, não impediu a folha de deixar de ser publicado cerca de quatro anos depois, após a publicação de seu nº 3.792, de 18 de agosto de 1878. O seu material de impressão, na ocasião, passou ao Correio Paulistano.
Fontes:
? Acervo: edições do nº 7, ano 1, de 8 de agosto de 1865, ao nº 3.792, ano 14, de 18 de agosto de 1878.
? COHN, Amélia. Correio Paulistano. In: ABREU, Alzira Alves et al. (Coord.) Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós-1930, vol. 2. Rio de Janeiro: Editora FGV; CPDOC, 2001.
? PILAGALLO, Oscar. História da imprensa paulista ? jornalismo e poder de D. Pedro I a Dilma. São Paulo: Três Estrelas, 2012.
? SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.