América Latina Pré Colombiana
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América Latina: visões e críticas sobre povos pré-colombianos

Sabemos que na América pré-colombiana se encontravam várias civilizações, diferentes culturas, costumes e diversas organizações de sociedades. Por esse e vários outros motivos é impossível atribuir uma única identidade aos povos latino-americanos.

Podemos notar que há certa dicotomia no que se refere à história da América Latina: jovem e antiga, urbana e rural, etc. Jovem em relação ao desenvolvimento populacional perante outros países europeus e asiáticos. Ao mesmo tempo antiga, por suas civilizações antigas, terras, rochas, grutas, etc.

Por isso deve se ter certa cautela ao se tratar ou ao escrever sobre a América Latina e dos povos que aqui viviam. Certos autores têm uma visão euro-centrista com relação ao “nível de desenvolvimento” dos povos pré-colombianos, comparando-os às civilizações de padrões europeus e norte-americanos, desconsiderando suas culturas, modos de produção e de organização social. Sobre isso, Charles Chasteen argumenta que

até mais ou menos a década de 1930, os intérpretes da América Latina focalizavam predominantemente a raça e a cultura, considerando as variedades latino-americanas “produtos defeituosos”, responsáveis por mazelas como a pobreza, instabilidade política e ditaduras. [...] Nessa versão, a história latino-americana era racial, cultural e ambientalmente “determinada” de forma mais ou menos inevitável. (CHASTEEN)

Já alguns historiadores norte-americanos, a partir da década de 1940, discriminavam os povos pré-colombianos, tendo a justificativa de que eram povos de mentalidades atrasadas e de estruturas sociais que precisavam ser reformuladas (CHASTEEN). A partir da década de 60, muitos estudiosos das civilizações da América Latina pré-colombiana mudaram suas opiniões, partindo do pressuposto de que havia certo preconceito dos próprios historiadores diante dos povos que aqui se encontravam.

Octávio Ianni acredita que a América Latina reúne diferentes visões de história. Segundo o autor, a problemática que envolve toda essa discussão seria a compreensão do que seria a América Latina; como se constitui (u) e se organiza (ou). (IANNI). Para ele a “América não se forma de modo contínuo, harmônico, tranqüilo. Ao contrário, avança e recua” (IANNI). Hipóteses vão sendo construídas em cima das que já existem (análise historicista), criando versões diferentes para cada fato histórico que constitui a história da América Latina. Ainda segundo Octávio, “os desenvolvimentos da história e do pensamento sedimentam-se em temas e interpretações” (IANNI).

Sabemos então que antes mesmo da chegada dos espanhóis em territórios americanos existiam grandes civilizações e sociedades na América, e que essa imagem de “grandes civilizações” foi, durante algum tempo, distorcida pela grande massa de historiadores que estudavam as civilizações e as culturas americanas pré-colombianas.

Alguns desses historiadores se dividem em certos “grupos” para analisarem as civilizações que aqui viviam antes da chegada de Colombo. Há os que “buscam seguir seus modelos e desprezam os valores das civilizações indígenas” (RIBAS, 1992). Outros abandonam a idéia euro-centrista e exaltam as sociedades que aqui viviam. Alguns tomam como base o contraponto “civilização e barbárie” para compreender a história da América Latina (IANNI). E ainda há “aqueles que consideram as altas civilizações como uma sociedade de transição, onde as forças produtivas estavam se desenvolvendo” (RIBAS, 1992).

Neste último grupo é que se encaixa o historiador Enrique Peregalli, que acredita que as altas civilizações pré-colombianas – Astecas, Mais e Incas – eram sociedades “de transição, na qual uma classe-estado explorava as comunidades-aldeãs (sociedade sem classes) através dos tributos.” (RIBAS, 1992). Segundo ele não existia igualdade social e ainda arrisca em afirmar que o excedente da produção era retirado em maior número da população trabalhadora na Europa.

Portanto, vemos que é um desafio constante estudar as civilizações, culturas, modos de produção e as particularidades que aqui se desenvolveram antes da chegada dos europeus. Para Rui Edmar Ribas,

descobrir a América, numa perspectiva de hoje, exige respeito aos povos pré-colombianos [...] reconhecendo os direitos dos indígenas, dos afro-americanos e demais oprimidos, de resgatar sua história, sem contudo negar a influência européia (RIBAS, 1992).

Por isso retomamos a idéia de que se deve ter certa cautela ao se escrever ou estudar os povos ameríndios, pois tal sociedade tem sua peculiaridade e deve ser compreendida em seu contexto histórico.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHASTEEN, Johan Charles (2001). Primeira parada: o presente.

IANNI, Octávio: “O labirinto latino-americano – interpretações da história...”


RIBAS, Rui Edmar: “500 anos de América” e “Colonização das Américas: Pressupostos Metodológicos”.




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