Industrialização e nacionalismo
Depois da Segunda Guerra Mundial, alguns países da América Latina iniciaram - dentro de suas limitações como regiões pobres e dependentes que eram - um processo de industrialização. O período anterior havia proporcionado condições para um surto industrializante. A fase posterior à guerra impulsionou a industrialização em níveis até então desconhecidos na história do subcontinente.
Essa modernização, todavia, fez emergir novos problemas. As cidades não tinham infra-estrutura e não ofereciam as condições mínimas para receber as grandes levas de migrantes que chegavam do campo atraídas pelas possibilidades de emprego oferecidas pela industrialização.
Os governos nacionalistas, que procuravam incrementar a industrialização e, ao mesmo tempo, tomar medidas para melhorar as condições das massas urbanas, incorporando-as à política, ficaram conhecidas como populistas.
No período que se seguiu à guerra, o mundo estava polarizado: de um lado as forças do chamado "mundo livre", liderado pelos Estados Unidos; de outro, o mundo comunista, representado pela União Soviética.
Aos olhos do governo americano e das elites tradicionais, o projeto dos governos populistas latino-americanos facilitava a penetração do comunismo, patrocinada pela União Soviética.
A formação da OEA, Organização dos Estados Americanos, em 1948, transformou-se em uma arma para os Estados Unidos aumentarem as pressões contra os governos populistas. De modo geral, a diplomacia americana contava com aliados, principalmente na América Central e no Caribe, para fazer valer seus interesses.
A crise dos governos populistas
Paradoxalmente (contraditoriamente), os governos nacionalistas precisavam de auxílio do capital e de técnicos estrangeiros para incrementar a indústria de base (petróleo e siderurgia). Paulatinamente (lentamente), o volume das aplicações de capital americano cresceu de forma a dominar importantes setores da economia latino-americana. Segundo o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em 1963 o montante de aplicações na América Latina já era de quase 9 bilhões de dólares. Essa situação fortalecia a posição da política americana no subcontinente e tendia a enfraquecer politicamente os chamados governos populistas, pois entrava em contradição a política de defesa dos interesses nacionais desses governos. Por isso, a massa de trabalhadores e a esquerda em geral perdiam a confiança em governos que pareciam se submeter incondicionalmente às exigências do capital internacional. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos continuavam desconfiados da política populista, voltada para o atendimento das reivindicações populares, e dos interesses nacionais.
Governos que, como o de Perón, na Argentina propunham uma eqüidistância em relação ao Estados Unidos e a União Soviética não conseguiam resolver o impasse, pressionados que estavam pelas classes dominantes.
As chamadas burguesias nacionais não pretendiam e não tinham condições de enfrentar a concorrência das empresas estrangeiras. Ao contrário, acabavam se associando ao capital internacional. As contradições se aprofundavam com a queda dos preços, nos mercados internacionais, da maioria dos produtos de exportação latino-americanos.
A industrialização exigia a implantação de novas técnicas, o que provocava desemprego. A paulatina mecanização do campo só fez aumentar o número dos desempregados rurais, provocando um êxodo (emigração) dos trabalhadores do campo, piorando a situação nas grandes cidades. A situação se agrava mais ainda com o aumento dos índices de inflação.
O chamado modelo populista foi sendo superado. Os militares passaram a ser vistos, pelas classes dominantes e pelas classes médias urbanas, como uma alternativa para o afastamento dos governos nacional-populistas, que eram obstáculos ao avanço do capital estrangeiro.
O suicídio de Vargas no Brasil, em 1954, e a deposição de Perón na Argentina em 1955, marcaram o início de um período de turbulência política em nosso continente, que culminou nas ditaduras militares dos anos 1960 a 1970.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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