O autoritarismo de D. Pedro I, provocou duras críticas em várias províncias brasileiras. O imperador era criticado por ter mandado dissolver a Assembléia Constituinte, por ter imposto a Constituição de 1824, por fazer intenso uso do Poder Moderador e por cercear (restringir) a liberdade de imprensa.
Em Pernambuco essas críticas eram mais radicais. Dois jornais da capital pernambucana, A Sentinela da Liberdade, de Cipriano Barata, e o Tífis Pernambucano, de Frei do Amor Divino Caneca, faziam forte oposição a D. Pedro I. Uma frase de Frei Caneca tornou-se famosa:
(...) o poder moderador, de invenção maquiavélica, é a chave mestra da opressão da nação brasileira.
Na área econômica, a situação também era tensa. Os lucros dos grandes proprietários e comerciantes vinham caindo em conseqüência da queda dos preços do açúcar, do fumo e do algodão no mercado internacional e dos altos impostos cobrados pelo governo de D. Pedro I. No Nordeste, a situação era mais grave: os altos preços dos alimentos, das roupas e dos aluguéis condenavam grande parte da população à fome.
Por tudo isso, quando o imperador tentou substituir o presidente da província de Pernambuco, Manuel Pais de Andrade, por Francisco Pais Barreto, partidário de sua política autoritária, os pernambucanos reagiram imediatamente. Romperam com o governo de D. Pedro I em 2 de julho de 1824 e proclamaram uma nova república na América.
A jovem república logo recebeu apoio de revolucionários de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O projeto revolucionário era a união dessas províncias em uma confederação. Elas obedeceram a um governo comum, mas se manteriam autônomas, como os Estados Unidos da época. Os pernambucanos deram para sua república o nome de Confederação do Equador.
O governo revolucionário propôs o fim do tráfico de escravos. Alguns líderes rebeldes, como Frei Caneca e Lázaro de Souza, defendiam também o fim da escravidão, mas a maioria dos membros da Junta Governativa se opunha. Isso dividiu e enfraqueceu os rebeldes. Os grandes proprietários, assustados com a intensa participação popular e com a idéia de libertação dos escravos, foram abandonando o movimento.
Para reprimir a revolução no Nordeste, D. Pedro I conseguiu dos banqueiros britânicos um empréstimo de 1 milhão de libras e, com isso, organizou poderosas forças militares. Por mar, essas forças eram comandadas pelo almirante britânico Thomas Cochrane; por terra, eram lideradas pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva.
Embora com poucas armas e sem navios, os nordestinos resistiram quase dois meses. As forças imperiais, especialmente os mercenários britânicos cometeram muitas violências em Recife, matando populares e incendiando casas mesmo depois de terem vencido a guerra. Vários líderes da rebelião foram presos e condenados à morte. Alguns, como Manuel Pais de Andrade, conseguiram fugir. Frei Caneca foi condenado à morte.
Frei Caneca aguardando a execução
Frei caneca foi julgado e nem sequer teve o direito a defesa, foi condenado à forca. Porém havia um problema, na cidade de Recife ninguém queria ser o carrasco daquele homem tão querido e respeitado. Foi feita uma promessa a um escravo negro que ele seria libertado se aceitasse ser o carrasco de Frei Caneca, mas o escravo se recusou. Usaram de violência. O escravo resistiu.
A população estava inconformada, começaram a provocar tumultos para libertar Caneca. Temendo maior confusão, as autoridades, fiéis a D. Pedro, apressaram a execução. Frei Caneca foi fuzilado.
BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção: História Sociedade & Cidadania. ensino fundamental.